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Saúde

Entenda o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) em crianças

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Especialista conta que essas obsessões e compulsões, nas crianças, frequentemente são difíceis de explicar verbalmente, o que pode tornar o quadro mais desafiador para identificar

A neuropediatra Estéfani Ortiz (CRM-RS 40.870 e RQE 40.131) esclarece que o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é uma condição de saúde mental caracterizada pela presença de obsessões e/ou compulsões que causam sofrimento significativo e interferem no dia a dia.

Segundo a médica, as obsessões são pensamentos, ideias ou imagens intrusivas, persistentes e indesejadas que geram ansiedade ou desconforto. Já as compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais realizados para aliviar a ansiedade gerada pelas obsessões, mesmo que não tenham conexão lógica com o pensamento inicial.

Como destaca Estéfani, as manifestações em crianças podem incluir obsessões — medo excessivo de germes, preocupação com a organização ou pensamentos intrusivos de algo ruim acontecendo. “Compulsões podem se apresentar como lavar as mãos repetidamente, contar objetos, alinhar itens de maneira rígida, tocar em coisas de uma forma específica ou repetir palavras mentalmente”, aponta.

De acordo com a especialista, o TOC pode se manifestar na infância e na adolescência (a prevalência estimada é de um a 3%), embora não seja tão frequente quanto em adultos. Ela afirma que, muitas vezes, os primeiros sinais aparecem entre oito e 12 anos, afetando meninos e meninas, entretanto, nos garotos, pode surgir mais precocemente.

A neuropediatra lembra que, se os comportamentos abaixo forem frequentes, excessivos e estiverem interferindo no bem-estar da criança, é importante procurar ajuda profissional. Portanto, os pais devem observar sinais como:

Comportamentos repetitivos: a criança insiste em realizar ações repetidas, como lavar as mãos excessivamente ou conferir portas.

Resistência a mudanças: insistência em manter rotinas específicas ou realizar tarefas de maneira exata.

Dificuldades no cotidiano: impacto no desempenho escolar, social ou nas atividades diárias.

Evitação: recusa em participar de atividades que desencadeiam suas obsessões ou compulsões.

Diagnóstico difícil

Conforme a médica, pode ser difícil diagnosticar o TOC em crianças, porque nem sempre elas conseguem expressar verbalmente os pensamentos obsessivos, e comportamentos compulsivos podem ser confundidos com hábitos ou “manias” comuns na infância. “Em alguns casos, os pais podem demorar a perceber o impacto emocional ou social desses comportamentos”, ressalta.

Consequências do TOC na vida das crianças

Impacto escolar: dificuldade de concentração, atraso nas tarefas e até problemas acadêmicos.

Socialização prejudicada: isolamento social, dificuldade em fazer amigos ou participar de atividades.

Ansiedade elevada: sofrimento emocional constante, gerando baixa autoestima e irritabilidade.

Impacto familiar: os rituais podem interferir na rotina familiar, criando tensões ou frustrações.

Tratamento

Conforme a neuropediatra, o TOC em crianças é tratável, mas é essencial reconhecer os sinais precocemente e buscar ajuda especializada. Com a intervenção adequada, muitas crianças conseguem superar suas obsessões e compulsões, melhorando significativamente sua qualidade de vida.

Dra. Estéfani Ortiz - Foto divulgação

Dra. Estéfani Ortiz – Foto divulgação

Estéfani pontua que o tratamento envolve uma abordagem combinada, dependendo da gravidade dos sintomas. São eles:

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): é a forma mais eficaz de tratamento, especialmente a técnica de prevenção de resposta e exposição. A criança é gradualmente exposta aos gatilhos das obsessões, sendo ensinada a resistir aos rituais compulsivos. “Uma criança com medo de germes pode ser exposta gradualmente a situações de contato com sujeira, aprendendo a lidar com o desconforto sem lavar as mãos repetidamente”, exemplifica.

Medicação: em casos moderados a graves, antidepressivos, como os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), podem ser recomendados. Esses medicamentos ajudam a reduzir a intensidade das obsessões e compulsões.

Psicoeducação: ensinar os pais e a criança sobre o TOC é primordial para compreender os sintomas e evitar reforçar os comportamentos compulsivos.

Apoio escolar: ajustes no ambiente escolar podem ser necessários, como permitir mais tempo para tarefas ou evitar situações que desencadeiam obsessões.

Terapia familiar: ajuda os pais a aprenderem estratégias para lidar com o TOC sem reforçar os comportamentos compulsivos.

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