NOSSAS REDES SOCIAS

Saúde

Setembro Amarelo esclarece população sobre a prevenção do suicídio

Publicado

em

“Se precisar, peça ajuda” é o tema da campanha deste ano

A psiquiatra Amanda Cavalcante aponta que o estigma atrelado ao tema suicídio ainda faz com que o assunto seja pouco abordado. Ela argumenta que apesar de se falar sobre o suicídio atualmente, em virtude da campanha do Setembro Amarelo, nos demais meses do ano infelizmente o tema é escanteado, havendo um tabu em torno da pauta e, com isso, uma falha de políticas públicas nesse sentido.

Ela cita que há alguns pensamentos errados acerca da questão, como, por exemplo, se a pessoa já tentou suicídio previamente, não conseguiu concluir o ato e não vai tentar novamente. “Na verdade, uma tentativa prévia é um fator de risco para uma nova tentativa”, ressalta. Outro ponto que vem à cabeça de alguns é o medo de ser manipulado e ainda se o paciente tentou suicídio é porque ele não quer mais viver. “A pessoa está adoecida. Não podemos justificar a tentativa dessa forma”, salienta.

Segundo a especialista, é possível levar essa pauta para o ambiente escolar, pois, de acordo com ela, nas últimas décadas, houve um aumento de tentativas de suicídio em crianças e adolescentes. Amanda lembra que para a avaliação clínica do público infantojuvenil é preciso uma situação mais tranquila, utilizando técnicas não verbais como brinquedos, jogos e desenhos, estabelecendo vínculo de confiança e reconhecendo as características individuais para avaliar o potencial de letalidade.

Ademais, definir intencionalidade, acesso ao meio e rede de suporte são de extrema importância. Além disso, a psiquiatra destaca que em adolescentes o quadro depressivo vem normalmente acompanhado de muita irritabilidade. “Estamos falando de uma população que geralmente é mais impulsiva, o que pode aumentar o risco de tentativa de suicídio. Então devemos ficar atentos”, reforça.

Conforme Amanda, se for analisado as pessoas que tentaram suicídio, mais de 90% foi ou poderia ter sido diagnosticada com um transtorno mental. Ela diz que não necessariamente a depressão, mas outros transtornos, como o bipolar, psicóticos, borderline, uso abusivo de álcool e outras substâncias. Porém, a médica esclarece que como a prevalência de depressão é maior na população, acaba sendo o transtorno mais relacionado em relação à quantidade de casos.

Dra. Amanda Cavalcante - Foto divulgação

Dra. Amanda Cavalcante – Foto divulgação

A especialista observa que a pessoa com pensamento em relação à morte pode ficar mais introspectiva, triste, irritada, pensamento negativo em relação a si ou a sua situação, e muitas vezes não demonstra isso para terceiros. É fundamental saber alguns fatores de risco para uma tentativa de suicídio: tentativas prévias, transtornos psiquiátricos, abuso de álcool ou outras substâncias, desemprego ou perda financeira, desesperança, dor crônica e história familiar de suicídio.

Prevenção

De acordo com a psiquiatra, o que se pode fazer para prevenir o suicídio é tomar algumas condutas, como ouvir o indivíduo que está passando por esse processo. “Muitas vezes eles mudam de assunto para tirar aquele pensamento da pessoa. O que ajuda é a escuta ativa.

Ouvir e dar espaço para aquela pessoa falar, deixar que expresse o seu sofrimento, validando os sentimentos. Você pode conversar sobre suicídio e propor razões para viver, demonstrando os seus vínculos, por exemplo. Se você perceber que aquela pessoa está em risco de fazer algo contra si, busque ajuda de profissionais para ajudá-la”, orienta.

Ajuda

Amanda afirma que o papel dos profissionais da saúde mental é identificar e tratar ativamente o transtorno mental e os sintomas associados, criando um vínculo com o paciente, ouvindo-o e ajustando-o às condutas para que se previna o suicídio. Ela chama atenção que a família deve estudar o tema, reconhecendo fatores de risco e perceber sinais de risco. Além disso, conversar, ouvir o sofrimento do seu familiar e mostrar que ele tem motivo para viver.

O suicídio é um tema importante para ser discutido abertamente. Enquanto na maioria dos países ele está em queda, o Brasil é um ponto fora da curva, estando em ascensão. “Muitas pessoas que estão vivendo essa batalha ainda não foram vistas por um profissional de saúde mental. Então é muito importante que a população saiba como lidar quando estiver diante de uma pessoa com pensamentos em relação à morte”, finaliza.

Continue lendo

Bombou na Semana