Amamentação: “Precisamos entender que há uma recém-mãe aprendendo com um recém-nascido, e que se cercar de assistência adequada nesse momento pode ser um grande facilitador”, comenta a pediatra

Especialista explica que amamentar não é instintivo, como muitas vezes é abordado por redes sociais e outros canais de comunicação

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde mostram que o índice de amamentação na primeira hora de vida é de 62,4%. Já a taxa de amamentação exclusiva no Brasil é de 46% nos primeiros seis meses, de 52,1% aos 12 meses e de 35,5% aos 24 meses de vida.

Segundo a pediatra Tássia Rodrigues, o leite materno é considerado o alimento mais completo e rico do mundo. Ele contém nutrientes essenciais para o crescimento saudável do bebê, anticorpos importantíssimos para a imunidade (que ainda é imatura no período neonatal) e substâncias pré e probióticas. “Muitos estudos ainda são dedicados a conhecer mais detalhadamente todos os componentes do leite materno, tamanha sua complexidade. Além do aspecto nutricional, o aleitamento é importantíssimo para o vínculo mãe-bebê, para aconchego e apoio emocional à criança que acaba de nascer”, aponta.

Tássia conta que a dor para amamentar é uma condição muito comum, necessitando da devida atenção para ser resolvida e não levar a um desmame precoce. Ela cita que o problema pode ser causado, principalmente, por alterações na pega do bebê ao seio, mas que precisa ser avaliada e orientada por um profissional capacitado, como o pediatra.

Já o leite “empedrado” (tecnicamente chamado de engurgitamento mamário) acontece quando há acúmulo excessivo de leite nas glândulas mamárias. A médica diz que é mais comum de ocorrer nas primeiras semanas, exigindo orientação por profissional capacitado para evitar outras complicações como a mastite.

Medicamentos durante a amamentação

De acordo com a pediatra, a mulher que utiliza alguma medicação, na maioria das vezes, a equipe médica faz os ajustes necessários para serem compatíveis com a amamentação. “Em algumas situações, nós, pediatras, precisamos orientar as mães durante o período de lactação. Em raríssimos casos optamos por suspender a amamentação, quando avaliamos o risco-benefício para ambos os lados”, esclarece.

Hora certa para amamentar

Tássia lembra que a amamentação deve ser iniciada ainda na sala de parto, durante a primeira hora de vida do bebê, chamada golden hour (hora de ouro), salvo complicação clínica que o impeça de realizar esforço de sucção. A preparação para amamentar deve começar o quanto antes, ainda na gestação, buscando orientações de qualidade com profissionais capacitados.

Dra. Tássia Rodrigues – Foto divulgação

Orientação para o retorno da licença-maternidade quando o bebê mama no peito

A especialista chama a atenção que a mamadeira pode levar ao desmame precoce por confusão de bicos, ou seja, o bebê começa a preferir o bico artificial pela facilidade em relação ao seio. “Temos algumas opções de dispositivos no mercado que podem ser utilizados para oferecer o leite materno ordenhado com risco menor de desmame precoce, como a colher dosadora e o copinho”, sugere.

As fórmulas que substituem o leite materno

A médica afirma que há um esforço das indústrias de se aproximar ao máximo da composição do leite materno, mas os componentes biológicos, até o momento, não conseguiram ser substituídos na fórmula láctea, que deve ser utilizada somente com indicação do pediatra e em situações específicas.